No início do séc. XIX o preço dos livros era muito elevado. O mesmo podia-se dizer quanto aos periódicos (jornais e revistas). A classe média que ia se formando comprava-os com dificuldade. Houve quem tivesse a ideia de fazer negócio com a própria biblioteca, tornando-se disponível ao público em geral, mediante o pagamento de uma soma mensal ou com outra periodicidade, que permitia ou a leitura numa sala ou o empréstimo da obra. Assim nasceram as “circulating libraries” na Inglaterra, “cabinets de lecture” na França e em Portugual, os “gabientes de leitura”.
O Real Gabinete Português de Leitura é ricamente decorado em estilo manuelino, inspirado na fachada lateral do Mosteiro dos Jerônimos de Lisboa. Foi fundado em 1837, mas a pedra fundamental do atual prédio foi lançada em solenidade presidida por D. Pedro II em 22 de dezembro de 1888 em comemoração ao tricentenário de Luis de Camões.
A construção do edifício com pedra lioz vinda de Portugal foi aparelhada em Lisboa por Germano José de Sales. O traço veio de Portugal de autoria de Rafael da Silva Lisboa e a construção foi acompanhada pelo arquiteto Frederico José Branco. Em estilo Manuelino com inspiração na fachada lateral do Mosteiro dos Jerônimos de Lisboa (vide foto à direita). A fachada possui 26 metros de altura e o portal nobre, em arco abatido, é decorado com motivos fitomorfos. Nas mísulas estão as estátuas de Luis de Camões, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e do Infante D. Henrique. Os nichos têm baldaquins torreados e rendados. Completam a decoração: medalhões com as efígies de Fernão Lopes, Gil Vicente, Alexandre Herculano e Almeida Garret, caravelas lanternins, janelas com vitrais, botaréus octogonais terminados por búzios estilizados e encimados por esferas armilares e cruzes de Cristo. As estátuas e os medalhões são do mesmo autor do traçado.
Exterior do Real Gabinete Português de Leitura: