“Rossio Grande do Campo de São Domingos”, “Campo dos Ciganos”, “Campo da Lampadosa”, “Terreiro da Polé” , “Praça da Constituição”, até que em 1890, adquiriu o nome Praça Tiradentes. Mas você já se perguntou por que a praça que se chama Tiradentes tem somente a imagem de D. Pedro I ?
No Brasil, os primeiros monumentos foram fontes e chafarizes, pois não era permitido erguer bustos ou esculturas de pessoas. O primeiro monumento instalado em logradouro público no Rio de Janeiro foi a estátua equestre de D. Pedro I, na atual Praça Tiradentes. Ela foi uma homenagem que D. Pedro II fez ao seu pai e em comemoração aos 40 anos da Independência do Brasil. Ele foi inaugurado em 1862. A estátua equestre, destaca a figura de D. Pedro I vestido com o uniforme de general, segurando com a mão esquerda as rédeas, com o braço direito levantado, ele acena com o Ato da Independência do Brasil.
O monumento mede 15,7m de altura, sendo 3,30m da base de cantaria, 6,40m da coluna onde estão os conjuntos alegóricos e mais 6m da estátua equestre. A escultura é feita de granito, ferro e bronze. No que se refere a seu significado, representa o momento no qual foi declarada a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Esse monumento foi realizado na França por Louis Rochet segundo desenho do artista brasileiro João Maximiano Mafra.
A estátua tem em seu pedestal quatro esculturas indígenas em bronze com animais e motivos decorativos, que simbolizam os quatro maiores rios brasileiros, são eles:
- Rio Amazonas – simbolizado por uma índia com uma criança nas costas e um índio com os pés sobre um jacaré, além de uma arara;
- Rio Paraná – representado por um índio segurando uma flecha e uma índia tocando maracá próximos de uma anta, um tatu e duas grandes aves;
- Rio São Francisco – é representado por um índio sentado perto de um tamanduá bandeira e uma capivara;
- Rio Madeira – aparece na figura de um índio com arco e flecha, em atitude de disparar próximo a uma tartaruga, uma ave e um peixe.
Nas faces laterais abaixo do monumento de D. Pedro I, encontram-se as armas de Bragança, em bronze, vigiadas por dois dragões de ouro. As dezenove províncias do Brasil na época estão nomeadas no friso do pedestal, com uma coroa e estrela sobre cada uma. Na parte superior da face principal estão as armas do Império e a seguinte inscrição:
O gradil foi instalado em 1865, lembrando que desde a sua inauguração até esta data o mesmo não existia. A pavimentação entre o gradil e o monumento é em mármore, que resulta em um desenho com formato octogonal. De cada quina do gradil, ergue-se uma coluna artisticamente ornada, que sustenta um lampião a gás, encimado por uma coroa e nas colunas estão gravadas em placas de bronze algumas datas importantes, que são:
- 2 de outubro de 1798: nascimento de D. Pedro I;
- 6 de novembro de 1817: primeiro casamento de D. Pedro l;
- 17 de outubro de 1829: segundo casamento de D. Pedro I;
- 9 de janeiro de 1822: Dia do Fico, quando D. Pedro I desobedeceu às ordens de Lisboa e disse que permaneceria no Brasil;
- 13 de maio de 1822: quando D. Pedro I aceitou o título de defensor do Brasil;
- 12 de outubro de 1822: aclamação de D. Pedro l como Primeiro Imperador do Brasil e;
- 1º de dezembro de 1822: Sagração e Coroação de D. Pedro l;
- 25 de março de 1824: Juramento da primeira Constituição do Império
Além disso, a estátua de D. Pedro I é ladeada nas laterais por quatro grandes mosaicos do brasão imperial em calçamento de pedras portuguesas. No brasão podemos ver a esfera armilar que enfeixa a cruz da Ordem de Cristo, evocadora do Descobrimento. As estrelas representam as províncias do império. O escudo é encimado com uma coroa tendo lateralmente os ramos de cafeeiro e tabaco.
Também em 1865, a praça recebeu mais quatro estátuas, em estilo clássico, representando as quatro virtudes das nações modernas: a Justiça, a Liberdade, a União e a Fidelidade, em ferro fundido, da Fundição Val d’Osne.
Mas por que Praça Tiradentes com a imagem de D. Pedro I ?
Com a Proclamação da República em 1889, tentou-se apagar tudo que era relativo ao Império. E o nome foi uma homenagem republicana a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos integrantes da Conjuração Mineira de 1789, condenado à morte e enforcado ali próximo. Antes da execução, Tiradentes foi autorizado a assistir a missa na soleira da Igreja da Lampadosa. Depois seguiu para a forca localizada no atual cruzamento da Rua Senhor dos Passos com a Avenida Passos.
Fontes: MICHELIN, Guia, Rio de Janeiro Cidade e Estado, 1990. e MAIOR, A. Souto, História do Brasil, Companhia Editora Nacional, 1976.