Muito antes de existir o Rio de Janeiro existia o Rio Carioca.
Alceu Amoroso Lima, o Tristão de Ataíde
Ele tem 7,1 quilômetros de extensão. Mas apenas a cabeceira, dentro da Floresta da Tijuca, permanece preservada, limpa. Apesar da sua importância no passado, o Rio Carioca está quase todo canalizado, escondido no subsolo da cidade. Só é visível na área da mata, na sua nascente nas Paineiras, no Largo do Boticário e na foz, na praia do Flamengo. Percorre canalizado os bairros do Cosme Velho, Laranjeiras e Catete.
O Rio Carioca foi a principal fonte de abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro. No século XVIII foram feitas captações no percurso do rio, parecidas com piscinas, onde a água era direcionada para os Arcos da Lapa, então Aqueduto da Carioca. A partir dali, um dos destinos da água era o chafariz que existia onde hoje é o Largo da Carioca, do qual a população pegava a água em baldes e levava para suas casas para as necessidades diárias: este era o único meio de levar água para as residências, já que na época a cidade não dispunha de água encanada .
Os séculos foram passando e o Rio Carioca sumindo dos olhos da população. Desde 1905, após obras de urbanização do prefeito Pereira Passos, o rio Carioca corre subterraneamente na maior parte de seu curso. Na época, a intenção era prevenir inundações, que, de fato, eram frequentes (e ainda são…). Conhecendo a história da construção da cidade, você entenderá o porquê.
Cari-oca , casa de branco, assim surgiu a denominação de quem nasce no Rio de Janeiro. A construção dos portugueses nas margens do rio, fez com que os índios denominassem o local cari-oca. Nome que, em um processo de acomodação cultural, foi dado a este mesmo rio e posteriormente passou a denominar os cidadãos nascidos neste estado.
No rio Carioca banhavam-se os índios Tamoyos que cultuavam a sua magia, pois suas águas, segundo as crenças, davam beleza às mulheres e virilidade aos homens.
Apesar de termos no nome de nossa cidade natal a terminação “rio” e toda sua história de ocupação e desenvolvimento atrelada aos rios da cidade, parecemos querer o tempo todo apagar o passado. O mesmo tratamento dado ao nosso rio mais histórico, repetiu-se em várias partes da cidade, como por exemplo o Morro do Castelo que foi demolido. Este rio, formador de identidade é desconhecido de muitos habitantes da cidade.
A boa notícia é que o Rio Carioca foi tombado no dia 28 de janeiro de 2019. Ele foi o primeiro curso d’água urbano do país a se tornar Patrimônio Cultural. O título foi conferido através de tombamento feito pelo INEPAC (Instituto Estadual de Patrimônio Cultural).
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