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Brigadeiro – um doce genuinamente carioca!

Eduardo Gomes – o Brigadeiro que é um pão!

Derrotado no pleito presidencial de 1974 que levou o general Ernesto Geisel ao poder, Ulysses Guimarães (1919-1992) fez um discurso em repúdio ao regime militar que perdurava no País:

 Só na liberdade se criam valores estáveis para o desenvolvimento e a justiça social.

Essa marcante frase, porém, havia sido pronunciada dois anos antes, no Congresso, pelo Brigadeiro Eduardo Gomes. Tinha peso pelo fato de partir da boca de um militar – e em plena ditadura. Mais impressionante ainda: um militar com a estatura de comandante da Aeronáutica nacional, ex-candidato à Presidência em duas oportunidades e tido como herói por defender a soberania brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Ao evocar as palavras do brigadeiro, Ulysses pretendia que o novo chefe da nação fosse sensibilizado pela necessidade da reconquista da democracia, colocando luz sobre um dos personagens mais marcantes daquele período.

A impressionante trajetória de Eduardo Gomes, militar com vocação democrática e forte senso de justiça social segundo seus contemporâneos, era carioca e infelizmente não presenciou a restauração completa dos direitos individuais dos brasileiros. Ele morreu em junho de 1981, aos 84 anos.

Eduardo Gomes

Não fosse o seu ingresso na política, a guloseima-símbolo de toda boa festa de aniversário, o brigadeiro, não existiria. Eduardo Gomes era um militar tipo galã. Tinha musculatura trabalhada pela educação física, boca pequena, rosto oval e nariz aquilino. Assim, foi cortejado pelas garotas de Petrópolis, onde nasceu, e viveu namoros furtivos.

Na eleição de 2 de dezembro de 1945 as mulheres iam votar pela primeira vez para presidente no Brasil. E Eduardo Gomes tinha um fã clube enorme de mulheres pelo fato de ser solteirão e ter boa imagem.

Já cinquentão, em sua primeira campanha presidencial, um grupo de cariocas criou um doce feito de chocolate e leite condensado e passou a vendê-los nos comícios para levantar fundos. A iguaria recebeu o nome de sua patente: brigadeiro. Suas admiradoras ainda assinariam um marcante slogan:

Vote no Brigadeiro. Além de bonito, é solteiro.

O doce se tornou um dos mais conhecidos da culinária brasileira e rompeu fronteiras. Há quem o chame até de “trufa brasileira”.

Gomes, que não se casou, nasceu para a revolução. O brigadeiro viveu a juventude lutando, conspirando. Aos 25 anos já estava preso e dizia que não queria deixar uma viúva jovem. Por isso, não formou família e fez questão de viver com a mãe, Jenny, até o fim da vida dela, após ela ficar viúva.

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Em 1950 (com a mãe, Jenny) em campanha quando concorreu pela segunda vez à Presidência.

Entre as ações heroicas do brigadeiro – participou da Revolução de 1924, em São Paulo, e lutou contra a Intentona Comunista, em 1935 –, participou da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana em 1922. Empunhando uma espingarda e um pedaço da bandeira nacional, ele e alguns poucos militares marcharam pela orla carioca em direção aos três mil soldados do governo de Epitácio Pessoa, que se opunha ao ideal democrático pretendido por setores de baixa patente das Forças Armadas. Alvejado por um tiro de fuzil, Gomes foi internado, preso e excluído da carreira militar (que seria retomada anos depois). Após o seu retorno, o revolucionário exercitou a sua porção democrática até o fim. Ele foi duas vezes Ministro da Aeronáutica, implantou o Correio Aéreo Nacional, um dos fatores da integração do Brasil, e se tornou o patrono da Força Aérea Brasileira.

Eduardo Gomes.

Eduardo Gomes ia à missa aos domingos. A seu pedido o Papa Paulo VI criou a oração de Nossa Sra. de Loreto, padroeira dos Aviadores. Todo mês ele doava metade de seus vencimentos como militar aos pobres de Petrópolis e ajudava as missões religiosas pelo interior da Amazônia, fornecendo-lhes doações em dinheiro e alimentos.

Agora quando comer brigadeiro lembre-se do Eduardo Gomes  !

Fontes: DRUMOND, Cosme Degenar. “Brigadeiro Eduardo Gomes, Trajetória de um Herói” (Editora de Cultura). e CARDOSO, Rodrigo em matéria para a revista Isto É.

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